Esta tendência de longo prazo, analisada por especialistas, reflete uma pressão fiscal crescente sobre o consumo, o trabalho e as empresas, que não tem sido acompanhada por uma melhoria percebida nos serviços públicos.

Segundo dados da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), a carga fiscal subiu de 30,4% do PIB em 2010 para 35,7% em 2024, atingindo um máximo de 35,9% em 2022. O ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Carlos Lobo, classifica este aumento como “estrutural” e sublinha que “este esforço fiscal crescente não tem sido acompanhado por uma perceção clara de melhoria na qualidade dos serviços públicos”, o que, na sua opinião, está a “corroer a legitimidade do sistema fiscal”.

O fiscalista Luís Leon corrobora esta visão, afirmando que “a austeridade não só não acabou como vai continuar” enquanto a dívida pública se mantiver elevada.

Já João Espanha atribui a responsabilidade aos governos de Passos Coelho e António Costa, acusando este último de ter mantido e aumentado a carga fiscal, especialmente através de impostos indiretos que possuem um “efeito de anestesia fiscal”.

O IVA é apontado como o “pilar fundamental da arrecadação fiscal”, tendo o seu peso no PIB aumentado na última década.

Esta análise factual suporta a perceção pública, revelada no Eurobarómetro, de que os impostos em Portugal são demasiado elevados.