A alteração fiscal, implementada pelo Governo para refletir a descida das taxas do IRS aprovada em julho, tem um efeito duplo.

Nos meses de agosto e setembro, as taxas de retenção são especialmente baixas para compensar o imposto retido a mais desde o início do ano. Esta correção significa que rendimentos até 1.136 euros brutos ficam isentos de retenção, resultando num aumento substancial do valor líquido recebido.

O Governo justifica a medida como uma forma de garantir "mais liquidez mensal imediata", aproximando o imposto retido daquele que é efetivamente devido e evitando que os contribuintes tenham de esperar pelo reembolso no ano seguinte. A medida abrange tanto os trabalhadores por conta de outrem como os pensionistas da Segurança Social e da Caixa Geral de Aposentações (CGA). Contudo, a organização de defesa do consumidor DECO PROteste alerta para o "reverso da medalha".

Ao reter menos imposto mensalmente, o acerto final em 2026 poderá ser menos favorável.

A DECO adverte que este cenário "vai refletir-se em reembolsos menores ou até em IRS a pagar", uma situação que, segundo a organização, "já deixou de ser novidade para os contribuintes portugueses".

Por isso, recomenda um maior controlo orçamental e a constituição de poupanças para fazer face a uma eventual fatura fiscal inesperada.