Analistas apontam para um agravamento sustentado nos impostos indiretos, contribuições sociais e fiscalidade empresarial, sem uma perceção de melhoria equivalente nos serviços públicos. Uma análise da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) demonstra que, nos últimos 14 anos, a carga fiscal aumentou em 5,3 pontos percentuais do PIB, o que representa um acréscimo de receita para o Estado de cerca de 15 mil milhões de euros. Especialistas como o ex-secretário de Estado Carlos Lobo consideram que "este agravamento é estrutural" e que "não tem sido acompanhado por uma perceção clara de melhoria na qualidade dos serviços públicos", o que corrói a legitimidade do sistema. O fiscalista João Espanha atribui responsabilidades aos governos de Passos Coelho, pelo "enorme aumento de impostos" no IRS, e de António Costa, por ter transformado medidas temporárias em permanentes e ter "carregado" nos impostos indiretos, que possuem um "efeito de anestesia fiscal".
Luís Leon corrobora esta visão, afirmando que a estratégia tem sido anunciar reduções no IRS enquanto se aumentam outros impostos sobre o consumo para manter a receita global.
O IVA é destacado como o "pilar fundamental da arrecadação fiscal", tendo o seu peso no PIB aumentado na última década, o que acarreta "consequências regressivas evidentes". Adicionalmente, dados da Comissão Europeia indicam que Portugal está entre os países da UE com maior peso dos impostos sobre o património (5,9%) na tributação total.













