O relatório da UTAO, que analisa a evolução da carga fiscal desde 1999, mostra uma trajetória ascendente desde o mínimo histórico de 29,8% do PIB em 2009, com uma forte aceleração durante o programa de ajustamento da troika. Em 2024, o crescimento da receita fiscal e contributiva (6,7%) superou o do PIB (6,4%), resultando num ligeiro agravamento de 0,1 pontos percentuais face a 2023. O peso do IRS na economia recuou para 6,2% do PIB, o valor mais baixo da última década, mas este alívio foi mais do que compensado pelo aumento do peso do IRC (+0,4 p.p. ), do IVA (+0,2 p.p.)

e das contribuições sociais (+0,3 p.p.).

O ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Carlos Lobo, alerta para os riscos desta tendência, afirmando que ela “intensifica a dependência do sistema fiscal em relação ao IVA e ao IRC” e fragiliza o papel redistributivo do IRS, sem que se tenha feito o “trabalho essencial: a Reforma do Estado e a moderação da despesa pública”.

Outros especialistas, como João Espanha, criticam a concentração da receita de IRS em apenas 5% dos contribuintes.

Para 2025, o Governo prevê uma redução da carga fiscal para 35,2% do PIB.