Os salários e pensões de agosto e setembro de 2025 registam um aumento líquido devido a uma redução extraordinária nas tabelas de retenção na fonte de IRS. Esta medida, implementada pelo Governo, visa refletir o alívio fiscal de 500 milhões de euros aprovado no Parlamento para este ano, ajustando os descontos mensais com efeito retroativo a janeiro. A alteração resulta na isenção de retenção para salários brutos até 1.136 euros e para pensões até 1.116 euros durante estes dois meses, um limiar significativamente superior ao anterior. Para rendimentos mais elevados, a redução do adiantamento de imposto ao Estado é substancial, resultando em ganhos líquidos mensais que podem ultrapassar os mil euros nos escalões superiores. O Governo procedeu a uma correção das tabelas a vigorar a partir de outubro, publicando um despacho de retificação que aumenta a parcela a abater no segundo escalão, resultando em descontos ligeiramente menores do que o inicialmente previsto para o final do ano.
Contudo, este alívio imediato na tesouraria das famílias tem implicações no acerto de contas anual.
Especialistas, como a bastonária da Ordem dos Contabilistas Certificados, Paula Franco, alertam que a medida representa uma "diminuição do adiantamento" ao Estado, e não uma redução do imposto total devido.
Consequentemente, na liquidação do IRS em 2026, os contribuintes poderão enfrentar reembolsos consideravelmente menores ou, em muitos casos, ter imposto adicional a pagar.
A partir de outubro, as tabelas de retenção serão novamente ajustadas, com descontos superiores aos de agosto e setembro, mas ainda assim inferiores aos praticados no primeiro semestre do ano.
Em resumoA medida de alívio fiscal temporário no IRS aumenta o rendimento disponível dos contribuintes em agosto e setembro de 2025, mas exige planeamento financeiro, pois o acerto de contas em 2026 poderá resultar em reembolsos mais baixos ou na necessidade de pagar imposto adicional.