A medida reflete a descida das taxas do imposto aprovada pelo Parlamento, mas levanta preocupações sobre o acerto de contas em 2026. Para aplicar a redução de 500 milhões de euros no IRS de 2025 com efeitos retroativos a janeiro, o Executivo optou por concentrar o acerto nos descontos de agosto e setembro. Esta abordagem resulta numa diminuição drástica da retenção na fonte nestes dois meses, com salários brutos até 1.136 euros a ficarem isentos de imposto. O impacto é significativo: um trabalhador solteiro com um salário de 1.500 euros, que antes descontava 186 euros, passará a reter apenas 8 euros, um ganho líquido mensal de 178 euros.

A partir de outubro, entrarão em vigor novas tabelas, com retenções superiores às de verão, mas ainda assim inferiores às praticadas até julho.

Contudo, especialistas e a Ordem dos Contabilistas Certificados alertam que este alívio imediato pode ser ilusório.

A retenção na fonte funciona como um adiantamento ao Estado, e a sua redução agora significará, para muitos, um reembolso menor ou mesmo a necessidade de pagar imposto adicional na liquidação final em 2026. A bastonária Paula Franco salientou que se trata de uma “diminuição do adiantamento” e não de uma surpresa, sendo que os contribuintes podem solicitar às suas entidades empregadoras a aplicação de uma taxa de retenção superior para evitar um desequilíbrio nas suas finanças no próximo ano.