O Governo deu início às reuniões com os partidos da oposição para discutir as bases do OE2026, com o primeiro-ministro, Luís Montenegro, a afirmar que não negociará com base em "ultimatos ou linhas vermelhas".

No entanto, a margem de manobra é reduzida. O Quadro de Políticas Invariantes, enviado pelo Ministério das Finanças ao Parlamento, revela que as contas de 2026 já estão condicionadas por um agravamento do saldo de 4,45 mil milhões de euros, decorrente de medidas legisladas anteriormente, como aumentos de pensões (1,56 mil milhões), despesas com pessoal (1,25 mil milhões) e reduções fiscais em IRS e IRC. A este valor acresce um fator crítico: a inscrição como despesa dos empréstimos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), estimados em cerca de três mil milhões de euros, que compromete a meta de um superavit. Perante este quadro, a previsão do Governo de um excedente de 0,1% do PIB para 2026 surge isolada.

Instituições como o Banco de Portugal, a Comissão Europeia e o Conselho das Finanças Públicas projetam um regresso ao défice. O ex-ministro das Finanças, João Leão, alertou que apenas um "crescimento da receita extremamente elevado" poderia evitar um saldo negativo, um cenário difícil dada a incerteza económica internacional.

A situação política, com um governo minoritário a necessitar de apoio parlamentar, acrescenta complexidade ao processo.