O Governo aprovou uma proposta de lei para a criação do regime de grupos de IVA em Portugal, uma medida aguardada que permitirá a consolidação dos saldos de imposto entre empresas do mesmo grupo. A iniciativa, que será debatida no Parlamento a 18 de setembro, visa aliviar a tesouraria das empresas, embora adote um modelo mais conservador em comparação com outras práticas europeias. Este novo regime, com produção de efeitos prevista para 2 de julho de 2026, permitirá que grupos de sociedades, unidos por vínculos financeiros, económicos e organizacionais, possam consolidar os seus saldos de IVA a pagar ou a recuperar. A adesão será opcional e decalcada do modelo já existente para o IRC, exigindo que uma entidade dominante detenha, direta ou indiretamente, pelo menos 75% do capital e mais de 50% dos direitos de voto das entidades dominadas. Portugal optou por um modelo de "consolidação financeira", à semelhança de Espanha, em vez do modelo de "unidade fiscal" adotado em países como a Alemanha.
Na prática, isto significa que cada empresa do grupo continuará a apurar e a entregar a sua declaração de IVA individualmente.
Posteriormente, a entidade dominante submeterá uma declaração consolidada, agregando os saldos e assumindo a responsabilidade pelo pagamento ou reembolso global.
Uma implicação relevante deste modelo é que as transações intra-grupo continuarão a ser sujeitas a IVA.
Apesar de ser uma abordagem cautelosa, a medida é vista como um "passo muito positivo", pois permitirá uma gestão mais eficiente da tesouraria, reduzindo a necessidade de reembolsos individuais.
Todas as entidades do grupo serão solidariamente responsáveis pelo IVA devido.
Em resumoA introdução do regime de grupos de IVA em Portugal representa um avanço significativo para a gestão financeira das empresas, permitindo a consolidação de saldos e otimizando a tesouraria. A escolha de um modelo de consolidação financeira, em vez de uma unidade fiscal plena, reflete uma abordagem prudente, mas que abre caminho para futuras evoluções alinhadas com as melhores práticas europeias.