O Governo aprovou um pacote de medidas fiscais que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, classificou como uma “política de choque” para “abanar o mercado de construção e arrendamento”. As alterações abrangem o IVA, o IMT e o IRS, com o objetivo de aumentar a oferta de habitação a preços moderados. A medida de maior impacto é a redução da taxa de IVA de 23% para 6% na construção e reabilitação de imóveis destinados à venda por um valor até 648.000 euros ou para arrendamento com rendas até 2.300 euros mensais. O primeiro-ministro admitiu que o teto da renda “soa um pouco elevado”, mas justificou-o como necessário para abranger as zonas de maior pressão, como Lisboa e Porto.
A medida, que vigorará até 2029, foi recebida positivamente por associações do setor como a AICCOPN e a APPII.
Em contrapartida, o Governo anunciou o agravamento do Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT) para cidadãos não residentes que comprem casa em Portugal, excluindo emigrantes e estrangeiros com residência fiscal no país.
O ministro Miguel Pinto Luz clarificou que a medida visa “gerar receita e promover maior equidade”, garantindo que “Portugal não vai deixar de atrair esse investimento”.
Adicionalmente, foram introduzidos benefícios em sede de IRS: para os inquilinos, a dedução com rendas em contratos a preços moderados aumentará para 900 euros em 2026 e 1.000 euros em 2027; para os senhorios, a taxa de IRS sobre estas rendas desce de 25% para 10%. Foi também criada a isenção de Adicional ao IMI (AIMI) para imóveis colocados no mercado de arrendamento dentro destes valores.
Em resumoO novo pacote fiscal do Governo para a habitação assenta num tripé de medidas: redução do IVA para estimular a construção, agravamento do IMT para não residentes como fonte de receita e incentivos em IRS para dinamizar o mercado de arrendamento a preços moderados. O Executivo define a sua abordagem como uma "política de choque", que, embora bem recebida pelo setor imobiliário, terá a sua eficácia dependente de uma aplicação célere e da resposta do mercado.