Numa medida de "choque" para combater a crise habitacional, o Governo aprovou a redução da taxa de IVA de 23% para 6% na construção e reabilitação de imóveis. A medida, que vigorará até 2029, aplica-se a habitações para venda e arrendamento com tetos de valor definidos, sendo uma reivindicação antiga do setor para aumentar a oferta no mercado. O primeiro-ministro, Luís Montenegro, classificou a iniciativa como uma “política de choque” para “abanar o mercado de construção e arrendamento”. A taxa reduzida de IVA aplicar-se-á à construção de habitações para venda com um valor máximo de 648 mil euros e a imóveis destinados a arrendamento com “rendas moderadas” até 2.300 euros mensais. A medida abrange também a autoconstrução, embora com um limite de valor ainda a ser definido pelo Ministério das Finanças.
Para garantir que o benefício fiscal se reflete no preço final e não apenas nas margens de lucro dos promotores, o ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, assegurou que a Autoridade Tributária (AT) “vai ter chicote na mão” para fiscalizar o cumprimento dos limites estabelecidos. Este incentivo fiscal faz parte de um pacote mais vasto para a habitação, que inclui o aumento da dedução em IRS das despesas com rendas para 900 euros em 2026 e 1.000 euros em 2027, a redução da taxa de IRS para senhorios que pratiquem rendas moderadas e o agravamento do IMT para a compra de casa por cidadãos não residentes, com exceção dos emigrantes.
As associações do setor, como a AICCOPN e a APPII, reagiram positivamente, considerando a medida um passo importante, mas pediram uma implementação “célere e eficaz”.
Em resumoO Governo avançou com um pacote fiscal para a habitação, cuja medida central é a redução do IVA na construção para 6%, com limites de valor para venda e arrendamento. A medida, em vigor até 2029, visa estimular a oferta de habitação a preços moderados e é complementada por outros incentivos fiscais para inquilinos e senhorios, bem como um agravamento do IMT para não residentes, numa tentativa de intervir de forma decisiva no mercado.