A proposta de Orçamento do Estado para 2026 formaliza a revogação do Adicional de Solidariedade sobre o Setor Bancário (ASSB), uma consequência direta da sua declaração de inconstitucionalidade pelo Tribunal Constitucional. Esta decisão obriga o Estado a devolver cerca de 200 milhões de euros aos bancos, um valor que, segundo o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, "prejudica a execução orçamental" de 2025. Face à perda desta receita, que rendia aproximadamente 50 milhões de euros anuais e era consignada à Segurança Social, o Governo anunciou a intenção de encontrar novas formas de tributar o setor. Miranda Sarmento afirmou que o Executivo irá “revisitar o tema da tributação desse setor e procurar outras formas de tributação que não tenham um problema de inconstitucionalidade”. A medida gerou reações imediatas da Associação Portuguesa de Bancos (APB), que, sem comentar diretamente a intenção do ministro, recordou que “os bancos já pagam impostos extraordinários, nomeadamente a contribuição extraordinária sobre o setor”. A APB sublinhou que esta contribuição, criada em 2011 e mantida no OE2026 com uma receita prevista de 210 milhões de euros, cria uma desvantagem competitiva para a banca nacional.
A associação acrescentou que os governos anteriores tinham sido alertados para a inconstitucionalidade do ASSB, inclusive pela Provedoria de Justiça, mas optaram por ignorar os avisos. A coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, criticou a medida, afirmando que a banca será “beneficiada por duas vias”, com a descida do IRC e o fim do adicional, classificando o orçamento como o da “desigualdade fiscal”.
O debate sobre a tributação da banca permanece assim em aberto, com o Governo a procurar compensar a perda de receita sem incorrer em novas ilegalidades constitucionais.
Em resumoA revogação do adicional sobre a banca, por inconstitucionalidade, força o Estado a devolver 200 milhões de euros e a procurar novas fontes de receita no setor. A banca reage, alegando já suportar uma carga fiscal extraordinária elevada, enquanto a esquerda política critica o que considera ser um benefício fiscal para as instituições financeiras.