A proposta de Orçamento do Estado para 2026 não apresenta uma solução concreta para reverter o desconto no Imposto sobre os Produtos Petrolíferos (ISP), em vigor desde 2022, apesar da crescente pressão da Comissão Europeia para a sua eliminação. O Executivo planeia uma retirada gradual da medida, a ser gerida fora do diploma orçamental, aproveitando períodos de baixa dos preços dos combustíveis para minimizar o impacto nos consumidores. O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, confirmou que o Governo está a “trabalhar numa solução que permita não encarecer os preços”, explicando que se procurarão “momentos de redução dos preços, para poder reverter estes descontos”.
Esta abordagem responde às exigências de Bruxelas, que desde 2023 tem assinalado esta medida como o “único reparo” à política orçamental portuguesa.
Apesar da manutenção do desconto, a proposta orçamental prevê um aumento da receita do ISP em 4,6% (187 milhões de euros), para um total de 4.254 milhões, justificado pelo “crescimento esperado no consumo privado”. Esta previsão de aumento de receita gerou preocupações políticas, com o Chega a avisar que “não tolerará” um aumento dos impostos sobre os combustíveis, temendo uma “manobra encapotada”.
A despesa fiscal associada ao desconto no ISP deverá aumentar 2,2% em 2026, para 529,2 milhões de euros. Adicionalmente, o fim da isenção do ISP sobre biocombustíveis e o aumento da taxa de carbono são outros fatores que apontam para um potencial aumento dos preços dos combustíveis no próximo ano, com um custo estimado para os consumidores que poderá atingir os 500 milhões de euros.
Em resumoO Governo opta por uma abordagem cautelosa na gestão do ISP, adiando uma decisão estrutural no OE2026 e planeando uma reversão gradual do desconto para mitigar o impacto nos preços. No entanto, a pressão da UE, conjugada com o aumento previsto da receita fiscal e outros fatores, mantém a incerteza sobre o custo final dos combustíveis para os consumidores.