O Governo pretende apresentar uma nova solução de tributação para o setor bancário no primeiro semestre de 2026, anunciou o ministro das Finanças. A medida surge na sequência da declaração de inconstitucionalidade do Adicional de Solidariedade, que obrigou o Estado a devolver cerca de 200 milhões de euros aos bancos. O ministro Joaquim Miranda Sarmento, em entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, explicou que é preciso “alguma cautela” na criação do novo tributo para que não venha a ser considerado inconstitucional. Segundo o ministro, o imposto anterior “foi criado em 2020, creio que se calhar de uma forma um pouco apressada, rendeu 40 milhões de euros todos os anos e agora obriga o Estado a devolver 200 milhões”.
A intenção do Governo é “revisitar o tema da tributação desse setor e procurar outras formas de tributação que não tenham o problema da inconstitucionalidade”. A reação do setor financeiro a esta intenção governamental já se fez sentir.
Miguel Maya, presidente do BCP, afirmou não esperar um novo imposto específico para a banca, defendendo que qualquer solução deve ser transversal a vários setores.
“Não vejo nenhuma razão para penalizar o setor financeiro em particular”, disse, lembrando que o setor já é “fortemente penalizado” com outras contribuições, como a Contribuição sobre o Setor Bancário, pela qual o BCP pagou 28,6 milhões de euros entre janeiro e setembro.
O debate sobre a nova taxa insere-se num contexto mais vasto de equilíbrio das contas públicas, com o Governo a procurar novas fontes de receita sem comprometer a estabilidade jurídica e fiscal.
Em resumoApós o Tribunal Constitucional ter declarado inconstitucional o Adicional de Solidariedade sobre a banca, o Governo planeia introduzir um novo tributo para o setor no primeiro semestre de 2026. O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, sublinhou a necessidade de cautela para evitar um novo chumbo legal, enquanto o setor, pela voz do CEO do BCP, defende que qualquer nova solução fiscal não deve ser específica para a banca, mas sim transversal à economia.