A significativa diferença na taxa de IVA aplicada às bicicletas entre Portugal (6%) e Espanha (21%) está a criar um fenómeno de “turismo de compras”, com um número crescente de consumidores espanhóis a atravessar a fronteira para adquirir estes veículos. A situação tem gerado preocupação no setor velocipédico espanhol, que alerta para uma concorrência desleal e a possível perda de milhares de empregos. Desde que Portugal reduziu o IVA sobre as bicicletas em 2023, o país tornou-se um destino atrativo para compradores do país vizinho, especialmente para modelos de gama média e alta, onde a poupança pode ascender a centenas ou mesmo mais de mil euros. Nas redes sociais, multiplicam-se os relatos de ciclistas espanhóis que documentam as suas viagens a Portugal, destacando as poupanças obtidas.
Um ciclista relatou ter poupado 1.700 euros numa bicicleta que em Portugal custava 3.800 euros, contra 5.499 euros em Espanha.
A Associação Patronal espanhola AMBE já alertou que, se a tendência se mantiver, cerca de 24.000 empregos poderão ser afetados em Espanha. Em resposta, algumas lojas espanholas optaram por abrir filiais em Portugal para competir em igualdade de condições. No entanto, fontes do setor em Espanha argumentam que a vantagem fiscal pode ser uma “armadilha”, pois as lojas espanholas, devido a maiores volumes de compra e ao atual excesso de stock no mercado, conseguem oferecer descontos significativos que podem anular a diferença do IVA, tornando a viagem a Portugal menos rentável do que aparenta.
Em resumoA política fiscal portuguesa de um IVA reduzido para bicicletas está a impulsionar as vendas junto de consumidores espanhóis, posicionando Portugal como um “paraíso fiscal” para este produto. Embora benéfico para o comércio nacional, o fenómeno gera tensões no mercado ibérico, com o setor espanhol a temer perdas de competitividade e emprego devido à distorção de preços causada pelo diferencial de impostos.