A medida, implementada em consonância com recomendações europeias, gerou controvérsia política por ter sido oficializada imediatamente após a aprovação do Orçamento do Estado para 2026.

A atualização fiscal, publicada em Diário da República, traduziu-se num aumento de 1,6 cêntimos por litro na gasolina e de 2,4 cêntimos no gasóleo.

O Executivo justifica a decisão com a necessidade de alinhar-se com as "recomendações da Comissão Europeia" para eliminar progressivamente as medidas temporárias criadas durante a crise energética.

Esta alteração surge num momento de descida dos preços internacionais, o que na prática significa que a redução sentida pelos consumidores foi menor do que o esperado.

Vários analistas descreveram a manobra como um "aumento de impostos envergonhado", pois evitou uma subida direta nos preços na bomba, mas aumentou a receita do Estado, estimada entre 190 e 250 milhões de euros para 2026.

A decisão gerou fortes críticas da oposição, nomeadamente do Partido Socialista, que acusou o Governo de hipocrisia.

O líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, afirmou: "Este Orçamento de Estado foi aprovado ainda esta quinta-feira e não passaram sequer dois dias e já sabemos que o Orçamento que foi aprovado tem já pouco depois uma atualização com aumento de receita, com aumento dos impostos sobre os combustíveis". O PS lamentou ainda que uma proposta sua para usar esta receita adicional para baixar o IVA dos bens alimentares tenha sido chumbada.

A Associação Nacional de Revendedores de Combustíveis (ANAREC) alertou também para o impacto negativo nas bombas de gasolina junto à fronteira com Espanha, que ficam com menos clientes, e para a necessidade de fiscalizar fraudes com combustíveis importados.