A Polícia Judiciária (PJ) traçou o perfil do incendiário típico, descrevendo-o maioritariamente como um homem com baixa literacia e problemas de alcoolismo, e anunciou a detenção de três suspeitos de fogo posto.
No entanto, a PJ afirma não ter, para já, elementos que comprovem a existência de crime organizado por detrás destas ocorrências.
Por outro lado, especialistas e ex-dirigentes do setor florestal apontam o dedo a problemas crónicos de ordenamento do território. José Cardoso Pereira, docente do Instituto Superior de Agronomia, defendeu a necessidade de uma “gestão coordenada” da pequena propriedade e a “dinamização da pastorícia tradicional” como formas de reduzir a acumulação de combustível. Na mesma linha, o ex-diretor-geral dos Recursos Florestais, Francisco Castro Rego, criticou a falta de aproveitamento da biomassa, argumentando que incêndios como os da última semana no Norte “não teriam sido tão violentos” se o excesso de vegetação tivesse sido tratado. O aumento de queixas de cidadãos sobre a falta de limpeza de matas e terrenos, dirigidas principalmente às autarquias, reforça a perceção de que a prevenção continua a ser um elo fraco no sistema.