O movimento de magistrados para 2025, aprovado pelo Conselho Superior do Ministério Público (CSMP) em julho e publicado em Diário da República a 29 de agosto, introduz lugares que agregam múltiplas competências, permitindo que os procuradores trabalhem simultaneamente em diversas jurisdições, como a criminal, cível e de família e menores.

Para o SMMP, esta polivalência forçada representa "o último prego" na especialização, um pilar que o sindicato considera essencial para uma justiça eficaz, especialmente no combate à criminalidade complexa.

A contestação já levou a uma greve nacional de dois dias e a três dias de paralisações regionais em julho, que registaram uma adesão elevada, entre 75% e 100%. Apesar de não estarem previstas novas greves para setembro, a direção do SMMP, presidida por Paulo Lona, indicou que irá trabalhar em "noutras formas de protesto". Por seu lado, a Procuradoria-Geral da República, liderada por Amadeu Guerra, justifica a medida com a necessidade de "otimizar os recursos existentes", enquadrando-a num "contexto de reconhecida e notória carência de recursos humanos". O conflito expõe, assim, uma tensão fundamental dentro do Ministério Público: de um lado, a defesa da especialização como garantia de qualidade; do outro, a gestão pragmática de uma crónica falta de meios que obriga a uma maior flexibilidade e polivalência dos magistrados.