Um ano após a espetacular fuga de cinco reclusos da prisão de Vale de Judeus, os processos disciplinares instaurados a nove funcionários resultaram em sanções consideradas leves: cinco multas, duas suspensões e dois arquivamentos. A fuga expôs graves falhas de segurança, com um dos fugitivos a afirmar que “só não saiu toda a gente da cadeia porque não quis”, devido à falta de vigilância. O relatório da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) sobre a fuga, ocorrida a 7 de setembro de 2024, revelou que os reclusos se aperceberam da falta de guardas e da ausência de vigilância nas torres. Um dos fugitivos recapturados, Fernando Ribeiro Ferreira, explicou aos inspetores que a fuga foi planeada com antecedência, aproveitando o facto de que, após a abertura dos pátios, “nunca mais houve qualquer elemento de segurança” a vigiar.
A investigação disciplinar concluiu com sanções que os sindicatos consideram brandas e das quais pretendem recorrer.
O caso levou ao afastamento do então diretor-geral da DGRSP e a uma auditoria nacional à segurança das 49 prisões portuguesas, que apontou “deficiências” em equipamentos e gestão de recursos. Em resposta, o Ministério da Justiça anunciou investimentos, como a instalação de inibidores de sinal em Vale de Judeus, prevista para o final do ano. No entanto, um ano depois, a situação no terreno parece não ter melhorado significativamente, com relatos de que o número de guardas de serviço no estabelecimento prisional é agora ainda menor do que no dia da fuga, agravando a insegurança.
Em resumoApesar do alarme gerado pela fuga de Vale de Judeus, as consequências disciplinares foram limitadas e as prometidas melhorias de segurança tardam em materializar-se, enquanto os problemas estruturais, como a falta de pessoal, persistem ou até se agravaram.