Um chefe da PSP, que chegou a coordenar uma unidade de apoio a vítimas de violência doméstica, foi acusado pelo Ministério Público de agredir e ameaçar de morte a sua mulher e sogros durante mais de uma década. O caso choca pela gravidade das acusações e pela posição do arguido, levantando questões sobre os mecanismos de controlo interno das forças de segurança. A acusação do Ministério Público (MP) detalha um "clima de terror" e maus-tratos psicológicos contínuos, com o arguido a infligir à sua mulher "um estado de humilização, ansiedade e medo permanentes". O chefe da PSP, atualmente em prisão domiciliária com vigilância eletrónica, enfrenta acusações de um crime de violência doméstica agravado, nove crimes de ameaça, três de introdução em lugar vedado ao público e um de ofensa à integridade física. As ameaças proferidas eram de extrema violência, incluindo frases como "Vê lá se queres ficar com a tromba cheia de sangue!"
e "no outro dia sonhei que vos regava com gasolina, vocês a suplicar pela vida".
O arguido usava a sua posição para intimidar as vítimas, gabando-se de ter amigos no MP para dissuadir qualquer denúncia.
A PSP informou que instaurou um processo disciplinar quatro dias após a sua detenção em março de 2025, mas o processo aguarda a decisão judicial, não tendo havido "diligências instrutórias relevantes" nos últimos seis meses.
À data dos factos, o arguido já não se encontrava a prestar serviço na Resposta Integrada de Apoio à Vítima (RIAV).
O caso expõe uma contradição gritante entre a função pública do agente e a sua conduta privada, abalando a confiança nas instituições que deveriam proteger as vítimas deste tipo de crime.
Em resumoA acusação contra um chefe da PSP, ex-coordenador de uma unidade de violência doméstica, por crimes de agressão e ameaças à sua família, revela um caso chocante de abuso de poder e violência. O arguido está em prisão domiciliária, enquanto um processo disciplinar interno aguarda o desfecho do processo judicial.