A resposta da Igreja Católica aos casos de abuso sexual em Portugal continua a ser um ponto de forte tensão, com a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) a anunciar o início do processo de compensação financeira às vítimas, ao mesmo tempo que associações de sobreviventes realizam protestos, denunciando falta de transparência e métodos inadequados. A CEP informou ter validado 77 dos 84 pedidos de compensação recebidos e que a comissão responsável pela fixação dos montantes iniciaria funções ainda em setembro, com os pagamentos a serem feitos através de um fundo solidário das dioceses.
No entanto, esta medida é vista como insuficiente pelas vítimas.
A associação Coração Silenciado, através do seu porta-voz António Grosso, organizou um protesto em frente à Assembleia da República para criticar a "atitude inerte" do Estado e a "falta de transparência" da Igreja.
As críticas centram-se na opacidade do processo de averiguação, nas condições de "intimidação e intromissão" durante as entrevistas às vítimas e na ausência de informação sobre os montantes a atribuir. António Grosso questionou o valor total do fundo e os critérios de compensação, descrevendo o processo de entrevistas como uma "revitimização muito dura". A associação responsabiliza também o Estado pela falta de acompanhamento dos menores e critica a existência de prescrição para os crimes de abuso sexual, defendendo que "o sofrimento e o trauma não prescrevem".
Em resumoEnquanto a Igreja Católica avança com a atribuição de compensações financeiras, as associações de vítimas de abuso sexual exigem maior transparência e respeito no processo, criticando a opacidade da CEP e a inação do Estado português perante o problema.