Os dados revelam um aumento sustentado, visto que em 2024 o número de crimes registados pela PJ ultrapassou a barreira dos mil, algo que não acontecia desde 2015.
No entanto, existe um fosso significativo entre o número de denúncias e as condenações. Entre 2015 e 2024, foram contabilizados quase 9.500 crimes, mas apenas cerca de 3.005 processos chegaram a tribunal, resultando em 2.533 condenações.
Cristina Soeiro, responsável pelo gabinete de psicologia da PJ, explica que esta disparidade se deve, em parte, à dificuldade em obter provas materiais, sendo a prova testemunhal muitas vezes o principal suporte da acusação.
O último Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) corrobora esta tendência, indicando um aumento de 38% nos casos de abuso de menores em 2024 face ao ano anterior, com a faixa etária dos 8 aos 13 anos a ser a mais afetada. O mesmo relatório alerta para as novas ameaças associadas ao uso da inteligência artificial, que facilita o aliciamento e a exploração de menores online através de algoritmos que identificam potenciais vítimas.
A maioria dos abusos, reforça Cristina Soeiro, ocorre em contextos de proximidade, como o ambiente familiar, escolar e desportivo, sendo raramente perpetrados por desconhecidos.














