A vigilância, que incluiu o acesso a contas bancárias e localização celular, durou três anos e terminou sem que fossem encontradas quaisquer provas contra o magistrado.
A investigação teve origem numa denúncia anónima com "descritas inconsistências" e decorreu sob a alçada do Ministério Público e da Polícia Judiciária.
Durante três anos, foram devassadas as contas bancárias e fiscais do juiz, bem como a faturação detalhada do seu telemóvel para rastrear os seus movimentos.
O processo-crime foi aberto numa altura crítica, quando Ivo Rosa tinha em mãos a complexa instrução da Operação Marquês.
O juiz só teve conhecimento da investigação após ser contactado pela TVI, considerando que a forma como o processo foi conduzido "implica uma grave intromissão e uma ameaça à independência, à responsabilidade dos juízes, ao Estado de Direito e à democracia". A jornalista Sandra Felgueiras, que investigou o caso, reforçou esta perceção, afirmando que "qualquer juiz hoje em dia que tenha em mãos uma operação tão complexa como a Operação Marquês sentir-se-á ameaçado".
Apesar da ausência de indícios, o processo permanece em segredo de justiça por ordem do Procurador-Geral da República, Amadeu Guerra, e os documentos estarão, alegadamente, prestes a ser destruídos, o que adensa as dúvidas sobre a transparência e os verdadeiros motivos por detrás desta vigilância a um titular de um órgão de soberania.














