O Tribunal da Feira proferiu uma sentença condenatória contra quatro arguidos envolvidos num complexo esquema de fraude fiscal, fraude na obtenção de subsídios e branqueamento de capitais, resultando em penas de prisão que chegam aos oito anos. A decisão judicial impõe também o pagamento de indemnizações e a devolução de vantagens criminosas que ascendem a vários milhões de euros, representando um golpe significativo contra a criminalidade económico-financeira. De acordo com um comunicado da Procuradoria-Geral Regional do Porto (PGRP), o acórdão, datado de 22 de setembro, condenou um arguido a uma pena única de oito anos de prisão, enquanto outros dois receberam penas de sete anos cada. Uma quarta arguida foi condenada a cinco anos de prisão, com pena suspensa, subordinada ao pagamento das quantias devidas ao Estado.
O esquema fraudulento consistia na utilização de sociedades geridas pelos arguidos para se candidatarem a fundos de projetos comunitários. Para tal, criaram um sistema que simulava a prestação de serviços e a aquisição de bens, sustentado na “emissão de faturação falsa e no circuito de dinheiro” para justificar os pedidos de pagamento junto do IAPMEI.
Além da fraude aos subsídios, as sociedades beneficiárias deduziram indevidamente o IVA inscrito nessas faturas fictícias, obtendo reembolsos ilegítimos da Autoridade Tributária.
O tribunal julgou procedente o pedido de indemnização civil, condenando os arguidos a pagar solidariamente ao Estado 836 mil euros. Adicionalmente, foi decretada a perda da vantagem da atividade criminosa, no valor global de 5,5 milhões de euros, a favor do Estado.
As duas sociedades arguidas foram também condenadas a penas de multa e à sua dissolução.
Em resumoA condenação de quatro indivíduos a penas de prisão por um esquema de fraude fiscal e de subsídios na Feira, que lesou o Estado em milhões de euros, demonstra a resposta do sistema judicial a crimes económicos complexos. A sentença inclui não só penas de prisão, mas também a obrigação de restituir os valores obtidos ilicitamente, reforçando o combate ao branqueamento de capitais.