Esta acusação surge na véspera do início do julgamento do agente autor dos disparos, adensando as suspeitas sobre a versão oficial dos acontecimentos.

Odair Moniz, um cidadão cabo-verdiano de 43 anos, foi morto na Cova da Moura, Amadora, durante uma perseguição policial.

O comunicado inicial da PSP indicava que o agente disparara em legítima defesa, após Moniz o ter ameaçado com uma “arma branca”.

Contudo, a investigação do Ministério Público (MP) contrariou esta versão, não encontrando provas de que a vítima empunhasse qualquer arma.

Agora, o MP acusa formalmente dois outros agentes presentes no local de terem mentido nos seus depoimentos à Polícia Judiciária.

Segundo a acusação, os seus testemunhos sobre a localização de um punhal, que alegadamente estaria debaixo do corpo de Moniz, não correspondem à verdade. O despacho do MP, citado na imprensa, afirma que “todos os meios de prova reforçam a suspeita de que o punhal ‘foi colocado no local (...) ou colocado à vista’”. A investigação concluiu, com base em imagens e outros testemunhos, incluindo o de um terceiro agente e de uma médica, que a arma branca não se encontrava onde os arguidos afirmaram. O julgamento do agente Bruno Pinto, acusado de homicídio, que estava agendado para 15 de outubro, foi adiado para 22 de outubro. O caso gerou uma onda de protestos, liderados por movimentos como o Vida Justa, que denunciam a violência policial e o racismo sistémico, mantendo a exigência de justiça para Odair Moniz.