Este episódio adensa o conflito entre o magistrado, conhecido pela sua instrução na Operação Marquês, e o Ministério Público (MP), levantando questões sobre a transparência e os direitos dos visados em processos judiciais.

Ivo Rosa solicitou a consulta dos processos após notícias revelarem que fora investigado durante três anos, entre 2021 e 2024, por suspeitas de corrupção, peculato e branqueamento de capitais, num inquérito que incluiu a análise das suas contas bancárias e geolocalização. O procurador-geral-adjunto do STJ, o mesmo que arquivou a investigação, negou o acesso, justificando que o juiz não demonstrou “interesse legítimo” na consulta, apesar de ter sido o alvo dos inquéritos.

O MP argumentou que, embora visado, Ivo Rosa não era “sujeito processual”.

Em resposta, o magistrado prepara-se para apresentar uma reclamação à Procuradora-Geral da República, Amadeu Guerra.

A situação contrasta com um pedido semelhante feito por Ivo Rosa ao Tribunal da Relação de Lisboa, onde também foi alvo de cinco processos-crime, tendo aí obtido autorização para consultar os autos. O conflito intensifica-se com outras decisões do juiz que contrariam o MP, como o descongelamento de uma conta com mais de quatro milhões de euros no âmbito da Operação Picoas (caso Altice), verba que a investigação considerava produto de crime. Esta sucessão de eventos expõe uma tensão notória entre o juiz e o Ministério Público, com o magistrado a acusar o MP de lhe negar acesso a investigações que o visaram diretamente, enquanto o MP questiona a legitimidade e as intenções por detrás dos seus pedidos.