A Polícia Judiciária (PJ) realizou uma vasta operação de buscas na sede do Novo Banco, na consultora KPMG e em vários escritórios de advogados, no âmbito de suspeitas de corrupção, burla qualificada, branqueamento de capitais e gestão danosa na venda de ativos. A "Operação Haircut" investiga se a alienação de património, nomeadamente imobiliário, foi feita abaixo do valor de mercado, lesando o banco e, consequentemente, o Fundo de Resolução e o Estado. A operação, conduzida pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção da PJ, envolveu cerca de uma centena de inspetores e realizou três dezenas de diligências. As suspeitas centram-se em vendas de ativos valiosos do extinto Banco Espírito Santo (BES) por valores inferiores aos de mercado, que terão resultado em lucros elevados para os compradores e no pagamento de alegadas comissões indevidas. Esta investigação resulta da união de vários inquéritos que estavam em curso no Ministério Público e na PJ, focados em negócios realizados pelo Novo Banco desde 2018.
O nome da operação, "Haircut", alude à perda de valor imposta aos ativos.
As autoridades procuram determinar se houve um esquema deliberado para defraudar a instituição bancária, que tem recorrido a capital público através do Fundo de Resolução. O fundo de investimento Lone Star, que adquiriu o Novo Banco, também é mencionado no contexto do caso.
As buscas visam recolher prova documental e digital que possa clarificar a natureza das transações e identificar os responsáveis pelos potenciais crimes económicos e financeiros.
Em resumoA megaoperação da PJ ao Novo Banco e à KPMG assinala um passo significativo na investigação a possíveis crimes de corrupção e gestão danosa na venda de ativos pós-resolução do BES. As autoridades suspeitam que a venda de património abaixo do valor de mercado lesou o banco e o Estado, estando agora a consolidar provas para apurar responsabilidades criminais num dos casos mais complexos do sistema financeiro português recente.