A renúncia de Pedro Delille, que representava o antigo primeiro-ministro há 11 anos, ocorreu em protesto contra o que descreveu como um “simulacro de julgamento”. A decisão foi motivada por um episódio em que se sentiu desrespeitado pela juíza, levando-o a afirmar que continuar no processo “violenta em termos insuportáveis a minha consciência como advogado”. Em resposta, o tribunal nomeou de imediato um advogado oficioso, José Manuel Ramos, mas recusou o seu pedido de 48 horas para se inteirar do processo, um dos mais complexos da história judicial do país. Esta decisão foi duramente criticada pelo Bastonário da Ordem dos Advogados, que a considerou uma “grave violação do direito de defesa” e declarou ser “inadmissível que a pressa se sobreponha à justiça”.

O próprio José Sócrates considerou a nomeação um “abuso judicial”, alegando não ter sido notificado para escolher um novo defensor.

A situação adensa-se com as declarações da Ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, que afirmou que o caso “representa tudo o que pode correr mal num processo”, servindo como um “guia para o que não pode acontecer”. Em contraponto, o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, João Cura Mariano, defendeu que o julgamento “não tem corrido mal”, mas sim sido “difícil de dirigir”, apontando para as dificuldades criadas pela defesa. Este choque de perspetivas entre o poder judicial e o executivo, aliado às manobras processuais, coloca em evidência as tensões e os desafios sistémicos que o processo enfrenta.