Os agressores aliciam os menores a partilhar conteúdos íntimos, que são depois usados para extorsão. A inspetora-chefe Carla Costa, da unidade de cibercrime e crimes sexuais online da PJ, explicou que os agressores se aproveitam da confiança estabelecida no ambiente de jogo para levar as crianças a migrar a conversa para aplicações como o WhatsApp ou Telegram. Uma vez nesse ambiente privado, os menores são coagidos a partilhar imagens ou vídeos de cariz sexual e “rapidamente ficam à mercê de agressores sexuais online”.
A gestora da Linha Internet Segura da APAV, Carolina Soares, corroborou a gravidade da situação, revelando que as denúncias de crimes desta natureza mais do que duplicaram este ano.
O debate sobre o tema estendeu-se à forma como o sistema judicial lida com estes casos.
O juiz desembargador jubilado Eurico Reis lamentou que, em Portugal, as vítimas de abuso sexual sejam muitas vezes tratadas como meros “meios de prova” em tribunal, em vez de lhes ser conferida a dignidade devida. A psicóloga Tânia Gaspar considerou que as penas aplicadas são, em geral, “reduzidas” face aos danos causados, sublinhando a necessidade de “um trabalho de formação dos juristas, dos pais e das escolas” para combater a “cultura de relativização da gravidade dos abusos sexuais” que ainda persiste.














