Duas funcionárias de uma Unidade de Saúde Familiar (USF) foram detidas pela Polícia Judiciária (PJ) por suspeita de integrarem uma rede de auxílio à imigração ilegal, sendo responsáveis pela inscrição fraudulenta de milhares de imigrantes no Serviço Nacional de Saúde (SNS). A operação, denominada "Gambérria", expõe uma rede criminosa que vendia "packs de legalização" a imigrantes. A investigação, que já resultou em 16 detenções e na constituição de 42 arguidos, incluindo empresários e uma advogada, revelou que as duas funcionárias administrativas, de 40 e 54 anos, que trabalhavam no centro de saúde de Cortegaça, em Ovar, inscreveram mais de 10.000 imigrantes no SNS em cerca de um ano e meio. As suspeitas, que enfrentam acusações de corrupção, auxílio à imigração ilegal e falsidade informática, recebiam informações sobre as pessoas a inscrever e inseriam-nas "em massa" no sistema, sem verificar os critérios necessários, como o comprovativo de morada.
Num dos casos, quase 500 pessoas foram registadas com a mesma morada numa rua de Lisboa.
Esta inscrição fraudulenta era um passo crucial no esquema da rede, que operava a partir de Coimbra e cobrava até 20 mil euros por um "pack com tudo incluído" para a legalização, sendo os valores mais elevados exigidos a imigrantes do Bangladesh e do Nepal. A atribuição do número de utente do SNS permitia aos imigrantes consolidar o seu processo de legalização e obter acesso a cuidados de saúde. Após serem ouvidas em tribunal, as duas funcionárias foram suspensas de funções e proibidas de contactar com os restantes arguidos, aguardando o julgamento em liberdade.
O caso gerou reações políticas, com André Ventura a defender a deportação dos imigrantes que usaram ilegalmente o sistema e António José Seguro a classificar o caso como "grave".
Em resumoNo âmbito da "Operação Gambérria", duas funcionárias do SNS foram detidas e suspensas de funções por inscreverem fraudulentamente mais de 10.000 imigrantes ilegais, facilitando a sua legalização. As suspeitas, que aguardam julgamento em liberdade, integravam uma rede que cobrava até 20 mil euros por "packs de legalização", expondo um esquema de corrupção e auxílio à imigração ilegal.