A "Operação Obélix" expôs a prescrição massiva do medicamento para a diabetes Ozempic a utentes não diabéticos, com o único propósito de emagrecimento.
A investigação, conduzida pela Polícia Judiciária, apurou que a médica, Graça Vargas, ao longo de 11 anos, terá prescrito o fármaco a mais de dois mil utentes saudáveis.
Ao diagnosticar falsamente diabetes a estes pacientes, garantia que o medicamento fosse comparticipado pelo Estado, que assim suportava a maior parte do custo. Segundo o Ministério Público, há suspeitas de que pelo menos 27 destes pacientes não tinham diabetes e pagavam quantias elevadas pelas receitas.
O esquema permitia que os utentes obtivessem o medicamento para fins de emagrecimento a um custo muito reduzido, lesando os cofres públicos.
Presente a primeiro interrogatório judicial, a médica ficou em liberdade, mas sujeita a medidas de coação pesadas: o pagamento de uma caução de 500 mil euros, a proibição de se ausentar do país, de contactar testemunhas, de frequentar a clínica onde trabalhava e a suspensão do exercício da profissão médica. O caso levanta questões sobre a fiscalização da prescrição de medicamentos comparticipados e a vulnerabilidade do SNS a fraudes de grande dimensão.













