Uma megaoperação da Polícia Judiciária (PJ) desmantelou uma rede criminosa dedicada ao auxílio à imigração ilegal, tráfico de pessoas e exploração laboral no Alentejo. O caso assume contornos de extrema gravidade pelo alegado envolvimento direto de dez militares da GNR e um agente da PSP, que fariam parte de uma estrutura que controlava e explorava centenas de trabalhadores estrangeiros. A operação, denominada 'Safra Justa', resultou na detenção de 17 suspeitos, com idades entre os 26 e os 60 anos, e na realização de cerca de 50 buscas em localidades como Beja, Portalegre, Figueira da Foz e Porto. A investigação, que teve início em 2023, apurou que a organização criminosa controlava aproximadamente 500 imigrantes, na sua maioria em situação irregular, que eram submetidos a condições de trabalho análogas à escravatura em explorações agrícolas. Os trabalhadores viviam em condições desumanas, eram coagidos através de ameaças e violência física, e eram-lhes retidos os documentos. Segundo os artigos, os elementos das forças de segurança detidos, incluindo um tenente da GNR, recebiam pagamentos para vigiar e agredir os trabalhadores, garantindo o controlo da rede. Um artigo detalha que os agentes recebiam “400 euros ao fim de semana” para estas tarefas, atuando por vezes fardados para exercer maior coação.
A rede era descrita como um “grupo violento” que atuava ao “estilo mafioso”.
Após serem presentes a tribunal, os suspeitos aguardam a aplicação de medidas de coação.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, comentou o caso, esperando que a investigação seja rápida, dado que “os crimes invocados são graves” e o prestígio das instituições está em causa.
A GNR e a PSP emitiram comunicados a repudiar os atos, caso se confirmem, e a IGAI irá propor a abertura de processos disciplinares.
Em resumoA 'Operação Safra Justa' revelou um esquema de tráfico humano e exploração laboral em Beja, resultando na detenção de 17 pessoas, incluindo 11 elementos das forças de segurança. A rede controlava cerca de 500 imigrantes em condições análogas à escravatura, gerando reações institucionais que sublinham a gravidade do caso para a credibilidade do Estado.