Uma vasta operação da Polícia Judiciária desmantelou uma rede de tráfico de seres humanos e auxílio à imigração ilegal no Alentejo, resultando na detenção de 17 suspeitos, incluindo dez militares da GNR e um agente da PSP. O caso chocou o país pela alegada cumplicidade de agentes da autoridade em crimes de exploração laboral, corrupção e abuso de poder. A investigação, denominada "Safra Justa", revelou um esquema em que os elementos das forças de segurança atuavam como "mercenários" ou "capatazes", recebendo pagamentos para vigiar, ameaçar e agredir trabalhadores imigrantes, na sua maioria de nacionalidade timorense e industânica. Segundo os indícios, os militares eram pagos para amedrontar os trabalhadores das estufas perto de Beja, impedindo-os de fugir e garantindo o controlo da rede sobre eles.
As vítimas viviam em condições desumanas, amontoadas em casas, e por vezes não recebiam qualquer pagamento pelo seu trabalho.
A rede era alegadamente liderada por um empresário cujo pai é o agente da PSP detido.
Este gabava-se de ter "na mão" 15 elementos da GNR, dois da PSP e até uma procuradora do Ministério Público. A investigação foi complexa, envolvendo a particularidade de um sargento da GNR viver com uma magistrada do MP, o que obrigou a que as buscas na sua residência fossem acompanhadas por um juiz de instrução criminal. No decurso do processo judicial, dez dos 17 detidos foram libertados com termo de identidade e residência, enquanto o Ministério Público pediu prisão preventiva para os restantes sete, incluindo um sargento da GNR e o agente da PSP.
Em resumoA operação "Safra Justa" desvendou uma complexa rede de exploração de imigrantes no Alentejo, destacando-se pelo chocante envolvimento de dez militares da GNR e um agente da PSP. Os suspeitos são acusados de tráfico de pessoas, corrupção e abuso de poder, tendo sido presentes a tribunal para aplicação de medidas de coação, com o Ministério Público a pedir prisão preventiva para os principais envolvidos.