A investigação revelou um esquema de exploração em que imigrantes, principalmente timorenses e industânicos, viviam em condições desumanas, amontoados em casas sobrelotadas e, por vezes, sem receberem salário.

Comentadores descreveram a situação como “uma forma de escravatura dos tempos modernos”, sublinhando que a exploração na região do Alentejo “é conhecida há muitos anos, mas fechou-se os olhos”. A operação, que culminou na detenção de 17 arguidos, incluindo dez militares da GNR e um agente da PSP, expôs a alegada participação de agentes que não só encobriam a rede, como também cometiam abusos, ameaçando e agredindo os trabalhadores a mando dos líderes do grupo.

A decisão judicial subsequente gerou controvérsia: enquanto três arguidos civis ficaram em prisão preventiva, todos os elementos das forças de segurança foram libertados.

A justificação do tribunal baseou-se numa falha processual, uma vez que as escutas telefónicas, prova central da acusação, não tinham sido transcritas, não podendo, por lei, ser usadas para fundamentar as medidas de coação.

Esta decisão suscitou críticas e intensificou o debate sobre a eficácia do sistema judicial e a necessidade de uma reforma na política migratória, que um comentador classificou como uma “falha nos últimos anos”.