O caso, resultante da "Operação Espelho" da PJ, destaca a persistente vulnerabilidade dos trabalhadores migrantes no setor agrícola.

Este é um dos maiores julgamentos do género em Portugal, envolvendo 22 arguidos singulares e 13 empresas.

Os arguidos enfrentam acusações graves de tráfico de pessoas, auxílio à imigração ilegal, e exploração de trabalho.

Na primeira sessão, os arguidos que compareceram optaram por remeter-se ao silêncio.

De acordo com a acusação do Ministério Público, a rede criminosa era bem estruturada e dedicava-se a recrutar trabalhadores em países como Roménia, Moldova, Ucrânia, Índia, Senegal, Nepal e, mais recentemente, Timor-Leste.

As vítimas eram aliciadas com promessas de trabalho bem remunerado na apanha da azeitona e outros trabalhos agrícolas no Alentejo.

Contudo, à chegada, eram confrontadas com uma realidade de exploração, alojadas em condições degradantes e desumanas, sem higiene, e com salários muito inferiores ao prometido ou mesmo inexistentes.

A investigação da PJ, que deu origem a este processo, já identificou cerca de 60 imigrantes de Timor-Leste que foram escravizados pela rede, que contava com a conivência de alguns agentes policiais.

O julgamento assume uma importância crucial para o combate ao tráfico humano em Portugal, um problema que afeta particularmente o setor agrícola do Alentejo.