Um chefe da PSP, que ironicamente trabalhava numa unidade de combate à violência doméstica, vai ser levado a julgamento por 14 crimes de violência doméstica contra a sua mulher e sogros. A acusação do Ministério Público detalha um padrão de anos de agressões físicas e psicológicas, levantando sérias preocupações sobre os mecanismos de controlo interno nas forças de segurança. O arguido, um agente de 41 anos, trabalhava numa esquadra em Lisboa, mas a sua detenção foi efetuada por colegas de Leiria. O despacho de acusação do Ministério Público é contundente, descrevendo múltiplas situações de agressão física e psicológica que terão ocorrido ao longo de vários anos.
As acusações incluem ameaças de morte dirigidas não só à sua esposa, mas também aos pais desta. A gravidade da situação é acentuada pelo facto de o agente ter continuado a proferir ameaças mesmo depois de as autoridades lhe terem retirado as armas que detinha legalmente.
O caso assume contornos particularmente graves e paradoxais, dado que o polícia exercia funções numa unidade específica de combate à violência doméstica.
Esta circunstância abala a confiança pública na instituição policial e levanta questões sobre os critérios de seleção, avaliação psicológica e fiscalização dos agentes que lidam diariamente com as vítimas deste tipo de crime.
O julgamento será determinante para apurar a verdade dos factos e para que a própria PSP reavalie os seus procedimentos internos para prevenir e detetar estes comportamentos entre os seus efetivos.
Em resumoUm chefe da PSP, de 41 anos, será julgado por 14 crimes de violência doméstica, incluindo agressões e ameaças de morte à mulher e sogros. O caso é agravado pelo facto de o agente trabalhar numa unidade de combate a este tipo de crime, levantando questões sobre o controlo interno da polícia.