A recomendação da OMS surge num momento crítico, em que os esforços de prevenção do VIH estagnaram, com 1,3 milhões de novas infeções registadas em 2024. O lenacapavir, administrado através de uma injeção a cada seis meses, demonstrou em ensaios uma eficácia notável, prevenindo "quase todas as infeções por VIH entre as pessoas em risco". O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, classificou o fármaco como "a segunda melhor coisa" depois de uma vacina, destacando o seu potencial para proteger populações vulneráveis que enfrentam dificuldades com a medicação diária, seja por estigma ou por dificuldades de acesso a cuidados de saúde. O medicamento, comercializado como Sunlenca para tratamento e Yeztugo para prevenção, oferece uma alternativa de ação prolongada que pode reformular as estratégias de saúde pública. A OMS comprometeu-se a colaborar com países e parceiros para garantir que esta inovação chegue rapidamente às comunidades que mais dela necessitam. A decisão é particularmente relevante para o continente africano, onde viviam 65% dos 40,8 milhões de pessoas com VIH/Sida no final de 2024. A introdução de uma opção de PrEP semestral pode simplificar drasticamente os regimes de prevenção e aumentar a sua aceitação, contribuindo para a redução de novas infeções e para o controlo da epidemia.
