Em Portugal, o padrão epidemiológico tem vindo a sofrer alterações. A hepatite A, outrora comum na infância, regista agora surtos esporádicos, com cerca de cinquenta casos no primeiro semestre de 2025, alguns associados a práticas sexuais de risco. Catarina Pereira, especialista em Medicina Interna, aponta esta como uma das possíveis justificações para o aumento geral de casos. A Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) realça a importância da vacinação para grupos de risco. Relativamente às hepatites B e C, que podem evoluir para doença crónica, Portugal atingiu a meta de 95% de cobertura vacinal para a hepatite B. No entanto, apesar das elevadas taxas de cura para a hepatite C (superiores a 97%), uma percentagem significativa de doentes (mais de 30%) inicia o tratamento em fases já avançadas da doença, o que reforça a necessidade de um diagnóstico mais precoce. A hepatite D, que afeta exclusivamente pessoas com hepatite B, é a forma mais grave, mas já dispõe de um tratamento eficaz recentemente aprovado pelo Infarmed. A Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (SPG) junta-se ao apelo da OMS para eliminar a doença, destacando que, apesar dos avanços, o caminho para a eliminação até 2030 exige um esforço contínuo em prevenção, rastreio e tratamento.
