O gene npmA2, identificado pela primeira vez no Japão, foi detetado em amostras humanas, animais e ambientais em pelo menos seis países, confirmando a sua disseminação global. A sua perigosidade reside na capacidade de se transferir entre diferentes tipos de bactérias através de um fragmento de ADN móvel, atuando como um “cavalo de Troia genético”. Já foi encontrado em bactérias perigosas como a ‘Clostridioides difficile’ e o ‘Enterococcus faecium’, que causam infeções hospitalares com elevadas taxas de mortalidade. O estudo liderado pela Universidade Complutense de Madrid adverte que estas infeções se podem tornar “praticamente incuráveis”. Bruno González-Zorn, diretor do estudo, afirmou de forma contundente: “Se não agirmos agora, caminhamos para uma era em que uma simples infeção voltará a ser fatal”. A resistência antimicrobiana já causa 1,3 milhões de mortes por ano, um número que poderá ascender a 10 milhões até 2050. Perante este cenário, a comunidade científica procura alternativas, como a terapia fágica — o uso de vírus que infetam bactérias (bacteriófagos) —, que tem visto um renascimento do interesse no Ocidente como uma potencial solução para combater as superbactérias.
