Liderado pela Universidade Complutense de Madrid e publicado na *Nature Communications*, o estudo analisou quase dois milhões de genomas bacterianos e detetou o gene npmA2 em amostras humanas, animais e ambientais de seis países. O gene viaja num fragmento de ADN móvel, atuando como um "cavalo de Tróia" que se pode incorporar em bactérias já perigosas. Foi encontrado, por exemplo, na *Clostridioides difficile*, que causa infeções intestinais graves, e no *Enterococcus faecium*, responsável por infeções hospitalares com uma taxa de mortalidade de até 30% em Espanha. O coautor Carlos Serna afirma que "o gene npmA2 torna estas infeções praticamente incuráveis". A resistência aos antibióticos é uma ameaça crescente, que já causa 1,3 milhões de mortes por ano, um número que a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que possa ultrapassar os 10 milhões até 2050, com um custo económico de biliões de euros. O uso excessivo de antibióticos na medicina humana e na pecuária é um dos principais impulsionadores desta crise. O microbiologista Bruno González-Zorn, diretor do estudo, adverte: "Se não agirmos agora, caminhamos para uma era em que uma simples infeção voltará a ser fatal". Perante este cenário, a comunidade científica procura alternativas, como a terapia com bacteriófagos (vírus que infetam bactérias), cujo interesse tem renascido no Ocidente como uma potencial solução para combater as superbactérias.
