Esta descoberta sublinha a importância da prevenção de infeções virais em doentes oncológicos, abrindo portas para novas estratégias terapêuticas. [PARÁGRAFO]A investigação, publicada na revista Nature e conduzida em ratos, demonstrou que as infeções respiratórias desencadearam o despertar de células cancerígenas nos pulmões, resultando numa "expansão maciça de células metastáticas em poucos dias".
Os cientistas identificaram a proteína interleucina-6 (IL-6), libertada pelo sistema imunitário em resposta à infeção, como o principal mediador deste processo.
Julio Aguirre-Ghiso, codiretor do estudo, sugere que "o uso de inibidores da IL-6 ou outras imunoterapias dirigidas poderá prevenir ou reduzir o ressurgimento de metástases após uma infeção viral". A hipótese foi corroborada por dados de duas grandes bases de dados humanas, o UK Biobank e o Flatiron Health, que mostraram uma associação entre a infeção por SARS-CoV-2 e um maior risco de morte relacionada com cancro e de doença metastática pulmonar.
James DeGregori, outro investigador do projeto, resumiu a descoberta de forma eloquente: "As células cancerígenas inativas são como as brasas deixadas numa fogueira abandonada, e os vírus respiratórios são como um vento forte a reacender as chamas".
Os resultados alertam para a necessidade de os doentes oncológicos em remissão tomarem precauções acrescidas contra infeções virais, como a vacinação, para minimizar o risco de reincidência da doença.