Sintomas como fadiga e sofrimento emocional são frequentemente negligenciados, e muitos doentes não se sentem envolvidos nas decisões sobre o seu tratamento.

Os resultados, analisados pela Dr.ª Rita Coutinho, do IPO do Porto, pintam um quadro preocupante da experiência do doente oncológico em Portugal.

Um dos problemas centrais é a “carga de sintomas persistentes, quer durante quer após os tratamentos, com especial destaque para a fadiga e o sofrimento emocional, frequentemente desvalorizados na prática clínica”.

Esta desvalorização pode dever-se à falta de tempo nas consultas ou à insuficiência de apoio psicológico estruturado. O acesso aos cuidados é outra barreira, com cerca de 70% dos doentes a residir longe do seu centro de tratamento.

Talvez o dado mais alarmante seja a falha na comunicação e na partilha de decisões: “apenas 56% dos inquiridos afirmaram sentir-se envolvidos nas decisões médicas”.

Esta estatística revela uma lacuna na abordagem centrada no doente, que é fundamental para a sua capacitação e bem-estar.

A Dr.ª Coutinho defende mudanças prioritárias, como a melhoria da comunicação médico-doente, a integração sistemática da avaliação de sintomas físicos e emocionais, e a abordagem de temas como o impacto do tratamento na fertilidade.

O estudo reforça o papel crucial das associações de doentes em dar voz a estas necessidades não satisfeitas.