A elevada procura e a eficácia comprovada destes fármacos, apesar dos efeitos secundários, colocam-nos no centro das discussões sobre o tratamento da obesidade e da diabetes tipo 2.

Um estudo apresentado na conferência anual da Sociedade Europeia de Cardiologia revelou que esta classe de medicamentos pode diminuir em até 58% o risco de hospitalização ou morte precoce em pacientes com doenças cardíacas, sendo esta considerada a descoberta mais significativa até à data neste campo. O endocrinologista João Filipe Raposo corrobora a eficácia destes fármacos na gestão da diabetes tipo 2 e na perda de peso, afirmando que os sintomas desagradáveis associados são, em geral, "bem tolerados" face aos resultados obtidos.

O médico critica ainda as tentativas de limitar o acesso a esta gama de medicamentos, cuja procura excede a capacidade do mercado.

No entanto, especialistas como a nutricionista Mafalda Almeida alertam que estes tratamentos, que exigem prescrição médica, não são uma solução universal para a perda de peso e devem ser utilizados sob supervisão. A intensidade da procura e o sucesso clínico estão a impulsionar a inovação no setor, com a farmacêutica Eli Lilly a desenvolver um comprimido experimental de toma diária que poderá, no futuro, oferecer uma alternativa mais conveniente às atuais injeções.

Este cenário demonstra uma transformação na abordagem à obesidade, agora vista também através da lente da prevenção cardiovascular, embora exija uma gestão cuidadosa do acesso e da utilização.