Durante décadas, os betabloqueadores foram um pilar no tratamento pós-enfarte.
Contudo, novas investigações estão a refinar esta abordagem.
O ensaio clínico REBOOT, um estudo internacional de grande dimensão, concluiu que para doentes que sofreram um enfarte mas mantiveram uma boa função cardíaca (fração de ejeção do ventrículo esquerdo superior a 40%) e sem historial de insuficiência cardíaca, os betabloqueadores não ofereceram benefícios significativos na redução da mortalidade, reincidência de enfarte ou hospitalização por insuficiência cardíaca. Em contrapartida, outro estudo apresentado no mesmo congresso demonstrou um benefício claro para doentes com função cardíaca moderadamente reduzida (fração de ejeção entre 40% e 49%). Neste grupo, o tratamento com betabloqueadores resultou numa redução de 25% no risco combinado de morte, novo enfarte ou insuficiência cardíaca. Estes resultados díspares indicam a necessidade de uma abordagem mais personalizada, onde a prescrição de betabloqueadores seja estratificada com base na função cardíaca do doente após o enfarte. A prática de tratar todos os doentes de forma indiscriminada pode levar à sobremedicação, sendo que, como um dos artigos refere, milhões de pessoas poderão estar a tomar estes fármacos sem necessidade.













