As investigações revelam um cenário complexo, onde o benefício do tratamento parece depender da função cardíaca do doente.
Durante décadas, os beta-bloqueadores foram considerados um tratamento padrão para a maioria dos doentes após um enfarte.
No entanto, investigações recentes sugerem uma abordagem mais personalizada.
Uma meta-análise de quatro ensaios clínicos, coordenada pelo Dr. Xavier Rosselló, demonstrou que estes fármacos reduzem em 25% o risco de morte, novo enfarte ou insuficiência cardíaca em doentes com função cardíaca moderadamente reduzida (fração de ejeção ventricular esquerda entre 40% e 49%). Este resultado expande o benefício conhecido para além dos doentes com função cardíaca gravemente comprometida.
Em contrapartida, o ensaio clínico REBOOT, liderado pelo Professor Borja Ibáñez, desafiou a sua utilização universal.
O estudo, que envolveu doentes com função cardíaca preservada (fração de ejeção superior a 40%), não encontrou benefícios cardiovasculares significativos. A taxa de eventos como morte, reenfarte ou internamento por insuficiência cardíaca foi semelhante entre o grupo que recebeu beta-bloqueadores e o que não recebeu. Em conjunto, estes estudos indicam que a eficácia dos beta-bloqueadores não é uniforme, sendo crucial para doentes com função cardíaca reduzida, mas de utilidade questionável para aqueles com função preservada, o que pode levar a uma revisão das diretrizes clínicas atuais.













