Esta popularidade gerou um intenso debate público e cobertura mediática, focados não só em novas e promissoras aplicações terapêuticas, mas também em efeitos secundários inesperados e na emergência de um perigoso mercado ilegal.

O potencial destes fármacos transcende a gestão do peso e da diabetes, com investigações a explorar novos horizontes.

Um estudo recente, por exemplo, sugere que a semaglutida, princípio ativo do Ozempic, pode ajudar a reduzir a dependência de cocaína. Segundo Elisabet Jerlhag, uma das responsáveis pelo estudo, os resultados em modelos animais são promissores, mostrando uma redução de 62% na procura pela droga após um período de abstinência, embora ressalve: "Este foi um trabalho feito com animais, então, de momento, não podemos dizer que temos um tratamento viável para a dependência humana de cocaína". Contudo, a par destes avanços, surgem relatos de efeitos secundários estéticos e desconfortáveis, popularizados com termos como 'Vulva de Ozempic', 'Cara de Ozempic' ou 'Seios Ozempic', que descrevem a flacidez da pele resultante da rápida perda de peso.

A médica Lélia Areal adverte que o uso destas "canetas milagrosas" deve ser encarado como uma "bengala" temporária e exige acompanhamento médico rigoroso para prevenir efeitos adversos e garantir a segurança.

A crescente procura criou também um mercado paralelo perigoso.

O Infarmed e a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) emitiram alertas sobre a venda ilegal de medicamentos falsificados na internet, que "representam um grave risco para a saúde pública, porque podem não conter a substância ativa indicada e apresentar níveis perigosos de outras substâncias". Esta situação sublinha a necessidade crítica de obter estes medicamentos apenas através de canais legais e sob prescrição médica.