Este avanço, publicado na revista científica Cell Reports Medicine, representa uma esperança significativa para cancros com opções de tratamento ainda muito limitadas.
A nova terapia baseia-se na modificação genética de linfócitos T do próprio doente, equipando-os com recetores artificiais (CARs) desenhados para um alvo específico: o glicano Sialyl-Tn (STn).
Esta estrutura de açúcar está ausente em tecidos saudáveis mas é "abundantemente expresso em muitos tumores de origem epitelial", explicou Rafaela Abrantes, primeira autora do artigo.
A equipa desenvolveu um novo anticorpo monoclonal, o AM52.1, que reconhece exclusivamente o STn, e a partir dele construiu o recetor que origina as novas células CAR-T.
Estas células modificadas demonstraram ser "altamente eficazes no reconhecimento e eliminação seletiva de células tumorais", afirmou Celso A. Reis, coordenador da investigação.
Os testes pré-clínicos, realizados em organoides e modelos animais com tumores derivados de pacientes, mostraram uma eliminação eficaz das células cancerígenas, mesmo em tumores com baixos níveis de STn.
Um dos aspetos mais promissores da investigação é a segurança da terapia. "Dada a elevada especificidade da terapia desenvolvida, não foram observados sinais de toxicidade nem efeitos adversos em modelos pré-clinicos, um requisito essencial para garantir a segurança do tratamento", assegura o i3S.
Este trabalho, que contou com a colaboração do Hospital Universitário de Oslo, poderá, num futuro próximo, ser aplicado no tratamento de doentes com cancros de difícil abordagem clínica.














