A enxaqueca, uma doença neurológica incapacitante que afeta cerca de dois milhões de portugueses, foi alvo de várias iniciativas de sensibilização no Dia Europeu da Enxaqueca. Associações de doentes e especialistas sublinham que a condição continua a ser subdiagnosticada e banalizada, apesar do seu profundo impacto na vida dos doentes e da existência de tratamentos inovadores. A MiGRA Portugal, associação de doentes, promoveu uma experiência imersiva na estação de metro do Cais do Sodré, em Lisboa, utilizando óculos de realidade virtual para simular sintomas como a aura e a sensibilidade à luz. A presidente da associação, Madalena Plácido, destacou que a enxaqueca continua a ser vista como “‘apenas uma dor de cabeça’, mas é a segunda causa de incapacidade a nível mundial”.
A iniciativa visou quebrar mitos e dar visibilidade a uma condição que, segundo um estudo recente, leva 93% dos doentes a sentirem-se incompreendidos.
Filipe Palavra, presidente da Sociedade Portuguesa de Cefaleias, descreve o retrato da enxaqueca em Portugal como “paradoxal”: uma doença altamente prevalente para a qual existem avanços científicos relevantes, como os anticorpos monoclonais e os gepants, mas onde persistem barreiras de acesso e tratamento.
A maioria dos doentes ainda recorre a fármacos clássicos, ficando privada de soluções que poderiam transformar as suas vidas.
A enxaqueca distingue-se de uma dor de cabeça comum por ser uma cefaleia primária, com dor pulsátil, náuseas, vómitos e sensibilidade à luz e ao som, podendo durar até 72 horas e tornar-se crónica. Os especialistas defendem que a enxaqueca deve ser assumida como uma prioridade de saúde pública, reforçando a literacia e garantindo o acesso equitativo a tratamentos.
Em resumoAs iniciativas em torno do Dia Europeu da Enxaqueca destacam a urgência de reconhecer esta doença neurológica como um problema de saúde pública em Portugal. Apesar dos avanços terapêuticos, persistem barreiras no diagnóstico, tratamento e compreensão social, sendo crucial reforçar a literacia em saúde e garantir o acesso equitativo a cuidados especializados.