Um estudo em larga escala, publicado na revista Haemotologica, alerta que o consumo de cafeína pelos dadores de sangue pode comprometer a qualidade do sangue doado e reduzir a eficácia das transfusões. A investigação revela que a cafeína pode ter um impacto negativo nos glóbulos vermelhos, levantando questões sobre as recomendações atuais aos dadores. De acordo com a investigação, que analisou amostras de mais de 13.000 dadores nos Estados Unidos, as transfusões realizadas com sangue mais rico em cafeína resultaram num menor aumento dos níveis de hemoglobina nos pacientes recetores. A hemoglobina é a proteína essencial dos glóbulos vermelhos responsável pelo transporte de oxigénio. O estudo detetou também sinais de degradação dos glóbulos vermelhos nos pacientes que receberam este sangue. Angelo D'Alessandro, um dos autores, afirmou que este é o "primeiro estudo em larga escala a demonstrar o seu impacto na biologia dos glóbulos vermelhos".
As descobertas são particularmente relevantes porque, em alguns países, o consumo de café antes da dádiva é até incentivado, pois pode facilitar a colheita ao aumentar a pressão arterial.
No entanto, os investigadores alertam que esta vantagem deve ser ponderada face aos potenciais efeitos negativos na qualidade do sangue e às propriedades diuréticas da cafeína, que podem predispor os dadores à desidratação.
Vários países já aconselham a limitação do consumo de café antes da doação, uma prática que este estudo parece corroborar cientificamente.
Em resumoUm importante estudo concluiu que a cafeína presente no sangue doado pode diminuir a qualidade dos glóbulos vermelhos e a eficácia das transfusões. Esta descoberta levanta questões sobre as atuais orientações para os dadores de sangue, sugerindo que o consumo de cafeína antes da dádiva deve ser reconsiderado.