Esta posição foi imediatamente contestada pela comunidade médica e científica.

Em Portugal, o Infarmed emitiu um comunicado esclarecendo que “não existe relação entre o uso de paracetamol por grávidas e malformações no feto ou nos recém-nascidos”.

A autoridade do medicamento baseou-se numa revisão da Agência Europeia do Medicamento (EMA) de 2019, que concluiu que os resultados dos estudos eram “inconclusivos” e que “não foi possível estabelecer uma ligação com perturbações do neurodesenvolvimento”. A Ordem dos Farmacêuticos corroborou esta visão, afirmando que a “análise da evidência (informação científica) atual permite concluir que é improvável que a exposição ao paracetamol durante a gestação se associe a um risco clinicamente significativo”.

A farmacêutica Kenvue, fabricante do Tylenol, a marca de paracetamol mais popular nos EUA, também rejeitou a associação, declarando estar “profundamente preocupada com o risco que isto representa para a saúde das mulheres grávidas”. Especialistas portugueses, como a obstetra Marina Moucho, reforçaram que “não há evidências” que provem a causalidade, lembrando que o paracetamol é um dos medicamentos mais usados no mundo e que o diagnóstico de autismo já existia antes da sua introdução no mercado. As autoridades de saúde mantêm a recomendação de que o paracetamol continua a ser uma opção essencial para tratar dor e febre na gravidez, devendo ser usado “na menor dose eficaz, pelo período mais curto possível”.