A polémica foi desencadeada quando Donald Trump, sem apresentar provas científicas, sugeriu que o aumento de casos de autismo nos EUA poderia estar ligado ao consumo de paracetamol (comercializado como Tylenol) por gestantes, chegando a apelar: “Não tomem”.

Esta alegação foi prontamente contestada por especialistas e entidades reguladoras.

Em Portugal, o Infarmed emitiu um comunicado a esclarecer que “não existe qualquer evidência científica” que sustente uma relação causal entre o fármaco e malformações ou perturbações do neurodesenvolvimento. A autoridade do medicamento recordou que a Agência Europeia do Medicamento (EMA) reviu os estudos em 2019 e concluiu que os resultados eram “inconclusivos”. A Ordem dos Farmacêuticos reforçou esta posição, indicando que a análise da evidência científica “não sustenta esta relação” e que os estudos que apontam para uma associação apresentam “importantes limitações metodológicas”.

Médicos e especialistas portugueses, como o psiquiatra Carlos Nunes Filipe e a obstetra Marina Moucho, classificaram as declarações como infundadas, com esta última a afirmar que “se o paracetamol estivesse relacionado com o autismo, a incidência desta doença teria de ser muito maior”.

O presidente do Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas, Steven Fleischman, considerou as sugestões “irresponsáveis, considerando a mensagem prejudicial e confusa que transmitem às pacientes grávidas”.

A recomendação oficial, tanto em Portugal como na Europa, mantém-se inalterada: o paracetamol continua a ser o analgésico de primeira linha para grávidas, devendo ser usado “na menor dose eficaz, pelo período mais curto possível”.